Dilip Loundo
Universidade Federal de Juiz de Fora
Mesa 01: Índia, China e Modernidade
Dilip Loundo
Universidade Federal de Juiz de Fora
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Professor do Departamento de Ciência da Religião da UFJF e Coordenador do Núcleo de Estudos em Religiões e Filosofias da Índia (NERFI/CNPq.). É Doutor em Filosofia Indiana pela Universidade de Mumbai (Índia), Pós-Doutor em Sânscrito e Filosofia Indiana pela Universidade Sânscrita de Karnataka (Bangalore, Índia), Mestre em Filosofia da Ciência pela UFRJ e Bacharel em Ciências Sociais pela UFRJ. Foi Professor Visitante (Shivdasani Fellow) do Oxford Centre for Hindu Studies da Universidade de Oxford (Reino Unido). Suas obras recentes incluem Razão com Sabor de Mel: Ensaios de Filosofia Indiana (Campinas: PHI, 2022) e A Praia dos Mundos sem Fim: Brasil, Índia e a Poética do Encontro (Campinas: PHI, 2023)
A noção de upāya como potencializador do diálogo inter-religioso e inter-civilizacional
A consolidação do budismo Mahāyāna e suas nuances logico-epistemológicas, mais diretamente afetas à escola Madhyamaka, foi responsável, em grande medida, pela formalização argumentativa da rejeição da autoridade dos Vedas (śabda pramāṇa). Entretanto, a inserção concomitante do budismo Mahāyāna no amplo contexto sócio-religioso do hinduísmo tântrico, acabou, ironicamente, favorecendo uma familiarização maior com os diversos contextos iniciáticos dos Upaniṣads e da escola Vedānta, em especial sua vertente conhecida como Advaita Vedānta. Contribui para tanto o desenvolvimento notável da propedêutica de upāya (“meios hábeis”), que está no cerne do estreitamento do diálogo e da identificação de pontos de convergência com a tradição do Advaita Vedānta.
Joaquim Monteiro
Mesa 01: Índia, China e Modernidade
Joaquim Monteiro
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Joaquim Monteiro nasceu no Rio de Janeiro em 1955. Possui graduação em psicologia pela Universidade Santa Úrsula.RJ (1983), mestrado em Budismo chinês pela Universidade de Komazawa, Tóquio, Japão (1997) e doutorado em Budismo chinês pela mesma Universidade.(2000). Foi pesquisador do Instituto de estudos budistas da Universidade Doho, Nagoya (1988-2003) e Professor do departamento de língua japonesa na Universidade I-Show, Kaohsiung, Taiwan. (2003-2005). Foi bolsista Pnpd-Capes e Professor visitante na pós-graduação em ciências das religiões da UFPB. (2013-2017). Dedica-se atualmente ao estudo e a tradução da literatura budista em Mandarim e a reflexão sobre a filosofia chinesa e japonesa contemporâneas.
A filosofia budista na China contemporânea
A reintrodução da filosofia Yogacara na China moderna apresenta um aspecto fundamental e pouco estudado na história da modernidade chinesa. Esta escola foi influente no processo entre 1870-1911 que conduziu a primeira revolução chinesa e contribuiu de forma decisiva para a consolidação da modernidade chinesa durante o movimento 4 de maio. No contexto da China contemporânea se coloca a seguinte questão a seu respeito: que contribuição terá ela para dar no contexto de uma modernidade tardia chinesa que coloca de forma contundente a necessidade de reconstruir a relação metabólica entre humanidade e natureza relacionando o enfrentamento com a crise climática e a superação da miséria absoluta?
Giuseppe Ferraro
Universidade Federal de Minas Gerais
Mesa 01: Índia, China e Modernidade
Giuseppe Ferraro
Universidade Federal de Minas Gerais
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Giuseppe Ferraro, doutor em filosofia pela UFMG, pós-doutor pela UFMG e pela Unicamp, é atualmente um pesquisador independente nas áreas dos estudos budistas indianos e seus desdobramentos na filosofia contemporânea. Autor de vários livros e artigos em inglês, português e italiano, entre os quais uma história da filosofia budista indiana publicada nessas três línguas pelas editoras Motilal Banarsidass (New Delhi), Buddhadharma (Valinhos, SP) e Carocci (Roma). Sua tradução comentada da "Dissolução das controvérsias" de Nāgārjuna (editora Phi, Campinas) foi entre os cinco finalistas do prêmio Jabuti 2022.
Sobre o componente budista indiana da civilização chinesa
Como observa Nāgārjuna no verso 18.6 dos seus Versos Fundamentais do Caminho do Meio, no interior do Dharma do Buda histórico podemos encontrar certa discrepância entre doutrinas que aparentemente respeitam a crença ordinária na existência do eu, teorias que negam categoricamente a mesma existência e ensinamentos que, ao evitar o uso das categorias do ser e do não-ser, suspendem o juízo sobre a existência do eu e de qualquer outro ente. Tal indeterminação fundamental Buddhadharma, longe de ser sinal de confusão ou descuido por parte do Desperto, é prova da sua habilidade no uso dos meios pedagógicos: dependendo do tipo de audiência à qual o Buda se dirige, seu ensinamento se modifica, se adaptando ao nível de desenvolvimento intelectivo e espiritual dos seus seguidores.
Evandro Vieira Ouriques
Universidade Federal do Rio de Janeiro
Mesa 02: Filosofia chinesa em debate
Evandro Vieira Ouriques
Universidade Federal do Rio de Janeiro
Evandro Vieira Ouriques é Professor Titular da Escola de Comunicação/Universidade Federal do Rio de Janeiro, filósofo pragmático e terapeuta clínico, de base analítica, corporal e energética. Acaba de retornar de pós-doutorado sênior no Départment de Philosophie/Université de Paris 8, aproximando seu pensamento, a Teoria e Terapia Psicopolítica -que enunciou em 2004 como contribuição à renovação da teoria social e da filosofia hegemônicas, paralisadas pelo dualismo- da Antropobiologia Filosófica, para o que realizou pesquisa de nove meses na Índia, sobre o Vedanta e o Budismo Mahayana, e no Japão, sobre a Escola de Kyoto. É diretor da Colección Teoría Psicopolítica, uma co-edição da Universidad de La Frontera, Universidade do Porto e Universidade Federal do Rio de Janeiro. Iniciou sua experimentação e aprendizado de epistemes orientais com o Yinyang, em 1969.
O Yinyang, o Não-dois e a Condição Comunicacional do Ser Humano:
sobre a emancipação psicopolítica
A insistência em que as instituições teriam o papel central na orientação do comportamento psicopolítico, através de incentivos materiais -das políticas públicas sociais, p. ex.- e de punições, sincroniza-se com as forças autoritárias, para as quais governos duros seriam a solução final. Todos esperam que o Estado resolva este enigma, esquecendo que “Ele” nada mais é que uma rede de psiquismos. O fato de que o crescimento de tais forças vem ocorrendo em operações psicopolíticas, dirigidas às mentes, desorientou quase todos os pensadores e líderes das esquerdas, ontologicamente blindados à centralidade da mente no destino humano. A filosofia chinesa tem muito a ensinar para quem quer superar este beco. Para ela, é a comunicação entre as polaridades yin e yang que gera emancipação psicopolítica, pois permite potencial cognitivo, criatividade humana e vida harmoniosa e próspera, sem que a tensão dela seja retirada -ou seja, desta yuafen, desta relação de afinidade na qual ocorre a conversão total da conduta, portanto a experiência de vida não como expressão de subjetividade mas como ontologia pragmática. A sabedoria chinesa é assim totalmente humana, nada devendo, como em Confúcio, à ajuda de Deus e da Lei. É neste sentido, prosseguindo meu exercício transcultural, veremos, que o que está contido no Yinyang sincroniza-se com o Não-dois do Advaita Vedanta e com a Condição Comunicacional do Ser Humano conforme sustentada pela Antropobiologia Filosófica e pela Teoria e Terapia Psicopolítica.
Leif Grünewald
Universidade do Estado do Pará
Mesa 02: Filosofia chinesa em debate
Leif Grünewald
Universidade do Estado do Pará
Leif Grünewald possui doutorado em Antropologia Social (área de concentração: Antropologia e Filosofia) e pós-doutorado em Filosofia pela Université Toulouse II, junto a Equipe de Recherche sur les Rationalités Philosophiques et les Savoirs (ERRAPHIS). Atua como professor assistente I na cadeira de Filosofias Não-Ocidentais da faculdade de filosofia da Universidade do Estado do Pará e é membro permanente do GT Filosofia Oriental da ANPOF.
Para que língua se traduz a Lógica Aristotélica? (In)tradutibilidade e Equivocação Controlada na Filosofia Chinesa
Ao tomar o trabalho recente de Yijing Zhang (2019) como uma espécie de plataforma, nessa intervenção buscarei cartografar os efeitos produzidos pelo problema da tradução do termo Lógica para o chinês na forma de Ming Li (名理),’nome-princípio’, por ocasião de uma tradução do Organon para o chinês. Assim, o que buscarei dar vistas nessa ocasião é para a ideia de que o problema de traduzir a palavra ‘lógica’ para o chinês revela as diferenças, então, entre duas formas de pensar. Se a lógica, como estabelecida por Aristóteles, consiste na determinação das condições formais de verdade do raciocínio em seu aspecto mais geral, o que o exemplo chinês poderia questionar é precisamente essa reivindicação de universalidade. Nesse sentido, o que gostaria de evidenciar são as potencialidades do emprego da noção de “Equivocação Controlada”(Viveiros de Castro 2004) como meio de reconceitualização das possibilidades comparativas entre duas texturas filosóficas distintas.
Francisco José da Silva
Universidade Federal do Cariri
Mesa 02: Filosofia chinesa em debate
Francisco José da Silva
Universidade Federal do Cariri
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A Filosofia Yinyang: características e influência na atualidade
No que diz respeito às suas origens, as escolas de Filosofia Chinesa se constituíram na dinastia Zhou (séc. X – III a.C.), em especial no chamado período dos Reinos Combatentes (séc. V - III a.C.), mas seus fundamentos podem remontar a um período bem anterior. Entre os princípios filosóficos originários destacamos as ideias do Tao (Dao), do Céu (Tian), dos cinco elementos (Wu Xing) e do par Yin/yang. O conceito de Tao (Dao) é, de longe, o mais conhecido e citado nos manuais de filosofia, uma vez que corresponde a um princípio central do chamado Taoismo (na obra Dao De Jing de Lao Zi, séc. V a.C.), que juntamente com o Confucionismo, são as principais correntes chinesas cujo legado é conhecido em todo mudo. Essas escolas têm em suas fontes um diálogo constante com a ideia de transformação a partir da relação entre Yin e Yang. Neste contexto geral, os ‘conceitos’ de Yin e Yang, vistos tradicionalmente como um par de opostos que se relacionam ou complementam, ocupam um lugar central e são a base de uma escola filosófica especifica. A Escola Yinyang (Yinyang Jia), provavelmente sistematizada por Zou Yan (séc. IV-III a.C.), é considerada uma das principais e de maior alcance dentre as diversas correntes de pensamento, estando na base das demais formas de saber na China, tais como as ciências, a tecnologia, a alquimia, a medicina e as artes marciais. Atualmente, o pensamento chinês se vê diante do debate entre tradição e modernidade. Neste sentido, buscando os fundamentos dessa tradição pretendemos apresentar em linhas gerais a centralidade da filosofia Yinyang como uma das formas mais profundas de compreensão da dinâmica da realidade na Filosofia Chinesa e, desta forma, destacaremos suas características, em especial os modos de compreensão do núcleo deste pensar, tais como: contradição, interdependência, oposição, inclusão mútua, ressonância, complementaridade e mudança. Enfatizaremos assim sua atualidade, influência e ressonâncias, que servem como base para as principais formas do pensamento, na ciência e na cultura chinesa contemporânea, a partir de três abordagens: a da filosofia marxista, da epistemologia e da tecnologia.
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