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Dilip Loundo

Dilip Loundo é Professor do Departamento de Ciência da Religião da UFJF e Coordenador do Núcleo de Estudos em Religiões e Filosofias da Índia (NERFI/CNPq./UFJF) do Programa de Pós-Graduação em Ciência da Religião da UFJF. É Doutor em Filosofia Indiana pela Universidade de Mumbai (Índia), Pós-Doutor em Sânscrito e Filosofia Indiana pela Universidade Sânscrita de Karnataka (Bangalore, Índia), Mestre em Filosofia da Ciência pela UFRJ e Bacharel em Ciências Sociais pela UFRJ. Foi Professor Visitante (Shivdasani Fellow) do Oxford Centre for Hindu Studies da Universidade de Oxford (Reino Unido). É recipiente do Pravasi Bharatiya Samman (Overseas Indian Honour Award), a mais alta condecoração civil do governo indiano, por “suas realizações extraordinárias das esferas da Arte, Cultura e Educação”. Suas mais recentes publicações incluem Razão com Sabor de Mel: Ensaios de Filosofia Indiana (Campinas: PHI, 2023); A Praia dos Mundos sem Fim: Brasil, Índia e a Poética do Encontro (Campinas: PHI, 2024); e A Índia no Brasil: Doze Anos do Núcleo de Estudos em Religiões e Filosofias da Índia (Juiz de Fora: Editora UFJF, 2023).

Dilip Loundo

A (epistemo) lógica da “negação da negação” em Suresvarācārya

(Advaita Vedānta), empreende, no capítulo 3 de sua obra Naiṣkarmyasiddhi, uma reflexão sistemática em torno das mahāvākyas - “grandes sentenças” dos Upaniṣads que declaram a não-diferença ontológica entre a essencialidade do sujeito (ātman) e a essencialidade da realidade in totum (Brahman). Num contexto de fidelidade à tradição dos debates e de um compromisso com a busca da Verdade (vāda/saṁvāda), Suresvarācārya enfrenta corajosamente três aporias fundamentais: (i) como viabilizar o conhecimento de um princípio inobjetificável e, portanto, inacessível à funcionalidade instauradora da razão?; (ii) como viabilizar o conhecimento desse mesmo princípio fazendo recurso aos meios de conhecimento tradicionais (pramāṇa), subsumidos pelo pressuposto da objetificação?; (iii) como sustentar, em sintonia com os postulados da escola da Não-Dualidade, que a autoridade tradicional (śruti-śabdha), um desses mesmos meios de conhecimento, possa cumprir o papel decisivo no conhecimento desse princípio inobjetificável? Resulta, desse enfrentamento, a enunciação fundamental de Suresvarācārya: a autoridade tradicional é proponente de uma racionalidade extra-ordinária (vicāra), cujo modus operandi envolve uma instrumentalização igualmente extra-ordinária dos demais meios de conhecimento, em especial a (lógica da) negação (abhāva/anupalabdhi/niṣedha). Mais especificamente, essa funcionalidade extra-ordinária da razão instaura um processo de negação sistemática, descrita por Suresvarācārya como “negação da negação”, prenhe de implicações propositivas, existenciais e soteriológicas.

©2025 por X Colóquio de Filosofia Oriental da Unicamp

Grupo de Estudos Brasil-China

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