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Giuseppe Ferraro

Giuseppe Ferraro é doutor em Filosofia pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), graduado e mestre em Filosofia e em Ciência Política pela Universidade La Sapienza de Roma, pós-doutor em Filosofia pela UFMG e pela UniCamp. Atualmente, atua como professor de filosofia e história na escola internacional Fundação Torino, em Belo Horizonte. Entre 2021 e 2023, foi professor visitante da Faculdade de Filosofia da UFMG. Autor de vários artigos e sete livros, entre os quais: sua tese de doutorado (editora UFMG), premiada pela ANPOF como “melhor tese” do biênio 2013-14; as primeiras traduções do sânscrito para o português dos Versos fundamentais do Caminho do meio (Phi) e da Dissolução das controvérsias (Phi) de Nāgārjuna (essa última obra, ficou entre os cinco finalistas do Prêmio Jabuti 2022); uma história da filosofia budista indiana, publicada em português (editora Buddhadharma), italiano (Carocci) e inglês (Motilal Banarsidass); uma monografia em italiano (Mimesis) sobre as implicações políticas da controvérsia filosófica "determinismo/livre-arbítrio".

Percepção e inferência na epistemologia budista

Na doutrina canônica do Buda – o chamado budismo dos Nikāyas – encontramos a distinção entre apreensão direta dos particulares e sua classificação em conceitos e categorias universais. No âmbito da escola ""lógico-epistemológica” (também conhecida como Sautrāntika-Yogācāra) de Dignāga e Dharmakīrti essa distinção torna-se base de uma epistemologia fundamentada em dois pramāṇas ou “meios de conhecimento válido”: a percepção (pratyakṣa) e a inferência (anumāna), cujos objetos são, respectivamente, os particulares (svalakṣaṇa), existentes em si e em última instância, e os universais (sāmānyalakṣaṇa), que existem apenas como categorias mentais, sem correspondência com a realidade em si. Tanto o Buda quanto seus epígonos sautrāntika-yogācārins reconhecem um uso válido da inferência, mas também denunciam a tendência ao seu abuso, apontando para a direção soteriológica do yogipratyakṣa: a faculdade epistêmica do desperto de perceber objetos particulares livres de categorias universais. Na comunicação pretendo destacar os aspectos mais relevantes dessa epistemologia do nirvāṇa.

©2025 por X Colóquio de Filosofia Oriental da Unicamp

Grupo de Estudos Brasil-China

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